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FORTALEZA, 2009

Portos da CPLP investem na expansão do comércio

No Ceará, autoridades e empresários do setor portuário da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) firmaram o "compromisso de desenhar um trabalho efetivo de incremento das relações comerciais". O diretor-presidente da Companhia Docas do Rio de Janeiro, Jorge Luiz de Mello, disse que o setor portuário pretende elaborar uma análise de toda a carteira comercial dos países que compõem a CPLP "para potencializar as trocas de forma concreta".

A intenção é avaliar quais são os fluxos comerciais atuais e os potenciais - aqueles que fazem parte da carteira, mas não da lista de trocas entre os países lusófonos - informou Mello ao final do II Encontro de Portos da CPLP, que reuniu entre os dias 1º. e 3 de dezembro, no Marina Park Hotel, em Fortaleza, 150 participantes. "A Associação dos Portos de Portugal já se prontificou a financiar esse trabalho e vamos começar imediatamente", anunciou o executivo à agência portuguesa de notícias Lusa, ao estimar o prazo de um ano para a conclusão.

O diretor presidente da Cia Docas do Rio de Janeiro (na foto à direita), que representou no evento o ministro da Secretaria Especial de Portos da Presidência da República (SEP/PR), Pedro Brito, em viagem ao exterior, adiantou ainda que o estudo da carteira comercial dos portos poderá indicar também caminhos para solucionar a falta de linhas marítimas diretas entre alguns países da CPLP. Brasil e Cabo Verde enfrentam esse problema. "Com o fomento do fluxo de comércio, isso virá automaticamente", ponderou Mello, ao avaliar que a ligação direta "depende de economia de escala".

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O II Encontro de Portos da CPLP, focado no tema "Estreitando Relações Comerciais e de Cooperação no espaço da Lusofonia", debateu inovações tecnológicas e propostas de reformulação dos portos, abordando assuntos como Segurança, Dragagem, Meio-Ambiente, Mercosul e Hidrovias, entre outros. Para o diretor-presidente da Companhia Docas do Ceará (CDC), Sérgio Novais, essa iniciativa é mais uma importante ação da Secretaria Especial de Portos no sentido de fortalecer as relações comerciais do Brasil com o mercado externo. "É uma oportunidade para trocar experiências e integrar o setor portuário entre países irmãos. Isso abre possibilidades de aumentar o comércio internacional entre nações com vasto potencial de crescimento", avaliou.

Na avaliação do consultor internacional, Altair Maia, o avanço do comércio entre o Brasil e os países africanos de língua portuguesa depende de "uma grande articulação entre governos e iniciativa privada". De acordo com o especialista, os países africanos importam cerca de US$ 500 bilhões, sendo apenas US$ 10 bilhões do Brasil. "Menos de 2 por cento desse total", afirmou Maia, ao pontuar que há um bom potencial de negócios na Costa Oeste africana, em razão da proximidade com o Brasil e grande concentração populacional, mas o crescimento do intercâmbio comercial depende de estratégias eficientes.

Cabo Verde, por exemplo, planeja o desenvolvimento de um hub no Porto de São Vicente, como forma de transformar "as oportunidades em potencialidades de negócios", segundo Franklin Spencer, presidente do Conselho de Administração da Enapor (Empresa Nacional de Administração dos Portos), que participou do encontro em Fortaleza. O projeto, que está em andamento há mais de 10 anos, vem dos anos 1980, quando houve "uma tentativa com a triangulação de produtos brasileiros e portugueses, utilizando Cabo Verde como plataforma para o ingresso nos países da África Ocidental". "Acreditamos que será importante para a entrada de produtos e de empresas do Brasil e de Portugal na região", afirmou.

Segundo o presidente da Enapor, Cabo Verde é membro Comunidade Econômica dos Países da África Ocidental (CEDEAO), um mercado que engloba 18 países e mais de 200 milhões de habitantes. "Há grandes oportunidades de negócios na região", disse, ao observar que os produtos fabricados em Cabo Verde, com uma incorporação de fatores de 20 por cento, no mínimo, entram nos países da CEDEAO com isenção de tarifas aduaneiras, com vantagens para os empresários brasileiros. "O grande entrave é uma ligação marítima entre o Brasil e Cabo Verde. A partir daí, os produtos poderiam ser descarregados, transbordados e reencaminhados", declarou.

O II Encontro de Portos, realizado pela Secretaria Especial de Portos da Presidência da República do Brasil (SEP/PR) e os portos da CPLP, reuniu líderes empresariais de países lusófonos de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné- Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, em torno de debates sobre o leque de oportunidades para a intensificação das relações de cooperação empresarial e institucional.

De acordo com António Jorge Antunes, presidente do Conselho de Administração da portuguesa Etermar, empresa de construção especialista na área de hidráulica marítima, a companhia tem interesse em participar de algumas das obras do "ambicioso" projeto de desenvolvimento dos portos no Brasil. "Sabemos da grande competência das empresas similares brasileiras, mas julgamos que a nossa experiência no estudo e na construção portuária nos permitirá apresentar soluções úteis e competitivas", afirmou à agência Lusa.

Sob a condução da Secretaria Especial dos Portos da Presidência da República, o Brasil está desenvolvendo um plano nacional de dragagem da ordem de R$ 1,7 milhões, que envolve os 20 principais portos do País, informou fonte oficial do governo. "Os investimentos estão modernizando os portos do País e solucionando gargalos antigos. É importante investir na gestão para manter este novo patamar de crescimento que estamos vivenciando no setor", ressaltou o diretor presidente da Docas, Sérgio Novais.

O Brasil concentra 37 portos públicos 42 terminais privativos e três complexos portuários, que movimentam cerca de 700 milhões de toneladas de mercadorias por ano, respondendo por mais de 90% das exportações, conforme dados oferecidos pelo consultor Altair Maia.

A tecnologia portuguesa no setor, em particular, foi reconhecida pelo doutor em engenharia hidráulica e presidente da Companhia de Integração Portuária do Ceará, empresa que administra o Porto do Pecém, Erasmo Pitombeiras. Conforme lembrou António Jorge Antunes, da portuguesa Etermar, no Encontro a "excelência da engenharia de hidráulica", designada através do LNEC – Laboratório Nacional de Engenharia Civil de Portugal. "Essa competência técnica no sector de obras marítimas, a nossa experiência na logística necessária à execução das obras em diferentes locais, pretendemos por à disposição dos portos da CPLP", afirmou Antunes, que disse já ter "contatos preliminares" com empresas brasileiras.

Depois de Portugal (2008) e Brasil (2009), a próxima edição do Encontro de Portos da CPLP deverá ser realizada em Angola.

fonte


 



Data: 2012-11-03

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